Primeira Infância – O que é?

Primeira Infância – O que é?

A Primeira Infância pode ser traduzida como uma fase de pura descoberta e aprendizado. Essa etapa, que compreende os primeiros anos de vida de uma criança (do nascimento até o 6º aniversário), exige atenção especial dos pais, responsáveis, cuidadores e educadores.

Afinal, para que as crianças se tornem adultos saudáveis e autônomos, é essencial que a Primeira Infância seja permeada de estímulos e interações interpessoais para assegurar um desenvolvimento pleno. Você sabia que o aprendizado dos bebês começa ainda na gestação?

Nesse momento, apontam os especialistas, meninos e meninas já percebem os sons que “estão fora da barriga”, sabendo inclusive diferenciar vozes. Eles são capazes de perceber até momentos da própria formação, como a aceleração dos batimentos cardíacos.

No caso dos recém-nascidos, vale a pena lembrar que o cérebro está em desenvolvimento intenso e acelerado. Pesquisas apontam que ele é até duas vezes mais ativo do que o de um adulto. Em outras palavras, oferecer cuidado, afeto e estímulos é essencial para que falem, aprendam e pensem.

Infelizmente, de acordo com um estudo do Unicef, em torno de 30% das crianças no planeta não atingem sua plena capacidade devido à ausência de incentivo. Por isso, é papel dos adultos proporcionar condições para o progresso intelectual. Até os 3 anos de idade, o cérebro chega a 87% do tamanho que terá no futuro, ou seja, é preciso trazer histórias, canções e oferecer muito carinho para proporcionar o desenvolvimento esperado aos pequenos.

Por essas e outras razões que o Marco Legal da Primeira Infância, lei sancionada em 2016 e que trouxe alterações importantes ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é importantíssimo. A medida coloca como prioridade nas políticas públicas, por exemplo, o direito de brincar, de receber cuidado de profissionais qualificados, além de garantir licença-maternidade e paternidade.

Conheça alguns dos pontos mais importantes do Marco Legal da Primeira Infância

  • Garantir às crianças o direito de brincar.
  • Priorizar a qualificação dos profissionais sobre as especificidades da Primeira Infância.
  • Reforçar a importância do atendimento domiciliar, especialmente em condições de vulnerabilidade
  • Ampliar a licença-paternidade para 20 dias nas empresas que aderirem ao programa Empresa Cidadã.
  • Envolver as crianças de até seis anos na formatação de políticas públicas.
  • Instituir direitos e responsabilidades iguais entre mães, pais e responsáveis.
  • Prever atenção especial e proteção a mães que optam por entregar seus filhos à adoção e gestantes em privação de liberdade.

Como é definida a Primeira Infância?

Em linhas gerais, a Primeira Infância é o período que vai da gestação até os 6 anos de idade. Essa fase também pode ser subdividida em duas partes: primeiríssima Infância (da gestação aos 3 anos de idade) e o período que segue entre os 4 e 6 anos.

A atenção a essa fase é essencial. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Social de 2018, das aproximadamente 21 milhões de crianças de 0 a 6 anos no Brasil, um terço delas se encontra em situação de pobreza ou de extrema pobreza. De acordo com o Anuário Brasileiro da Educação Básica, mais de um terço das crianças brasileiras, que têm entre 2 e 3 anos, estão longe das creches, mas não por omissão das famílias. Essa realidade é fruto da falta de vagas ou da ausência de instituições de ensino no lugar em que vivem.

Esse panorama é preocupante, pois, de acordo com levantamentos do Unicef, 90% das conexões cerebrais ocorrem até os 6 anos de idade. Dessa forma, intervenções consistentes na Primeira Infância podem ter efeitos sobre a capacidade intelectual, a personalidade e o comportamento social desses meninos e meninas.

Não dá para esquecer que os primeiros anos de vida são essenciais para o desenvolvimento da criança. Inúmeras pesquisas já comprovaram que oferecer condições favoráveis ao desenvolvimento infantil nessa fase é mais eficiente e gera menos custos do que tentar reverter ou minimizar os efeitos ou problemas futuros. De acordo com o economista americano James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia em 2000, programas de alta qualidade para crianças vulneráveis (do nascimento aos 6 anos) garantem retorno de até 13% sobre o investimento.

Por essas e outras razões, é fundamental priorizar os projetos voltados à Primeira Infância. Além das conexões neurais se formarem a um ritmo de mais de 1 milhão por segundo nesse período, uma incrível oportunidade para assegurar o desenvolvimento das crianças, qualquer iniciativa com intuito de prover cuidados e proteção nessa fase ajudam a reduzir também a mortalidade infantil.

Qual é a importância da Primeira Infância?

Sem dúvida alguma, a educação tem papel fundamental entre as iniciativas que devem amparar a criança na Primeira Infância. De fato, há uma sinergia entre cuidado, atenção e aprendizagem durante os primeiros anos de vida.

Metaforicamente, é quase como uma construção. Quanto mais bem planejada, melhor será o resultado e as condições de suportar qualquer que seja o obstáculo que apareça.

Além de cuidados em áreas como a saúde e o incentivo à cultura, a educação é primordial. Estudos mostram que uma creche eficiente causa um impacto extremamente positivo na jornada educacional de um cidadão. Em resumo, vai colaborar no desenvolvimento cognitivo, linguístico e socioemocional de meninos e meninas. Agora, se a instituição não é capacitada, pode causar danos irreversíveis à formação desses indivíduos.

Quais são as fases da Primeira Infância?

A Primeira Infância é dividida em duas fases devido à complexidade e diferenças verificadas no desenvolvimento das crianças nesses períodos. Confira:

Primeiríssima Infância: vai da gestação aos 3 anos de idade. Essa fase, que inclui a etapa intrauterina, é determinante para o desenvolvimento emocional e cognitivo. Pesquisas indicam que o cérebro das crianças atinge grande amadurecimento até os 2 anos, fato que possibilita uma grande absorção de tudo o que está acontecendo no ambiente que a cerca.

Por isso, é preciso muito cuidado com os estímulos nessa fase (especialmente traumas e situações negativas). Nesse período, as sinapses (região que propicia a comunicação entre os neurônios) se desenvolvem devido às interações que estimulam os sentidos, como o tato, a audição e a visão. É essa evolução que possibilitará que a criança se veja no mundo e perceba o outro.

Outro ponto importante: ainda no útero, já há a possibilidade de estabelecer laços e propiciar o desenvolvimento da memória. A interação é grande, pois o bebê consegue ouvir e interagir com o ambiente externo já na 25ª semana de gestação.

Período dos 4 aos 6 anos: a criança já tem maior autonomia. Além de se expressar com mais facilidade, é capaz de desempenhar várias atividades sozinha, como brincadeiras e atividades esportivas. A busca da compreensão do mundo (cognição) é maior nesse momento. De acordo com especialistas, a partir dos 5 anos, ela já está apta a ter rotinas mais determinadas.

Qual é a importância do desenvolvimento infantil?

O desenvolvimento de meninos e meninas na Primeira Infância faz parte dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela ONU e que devem se tornar realidade até 2030. Afinal, esse cuidado é fundamental para assegurar o futuro do planeta.

Na prática, o desenvolvimento infantil é um processo de aprendizado que precisa ser bastante estimulado e com todos os cuidados necessários, pois é por meio dele que as crianças adquirem e aprimoram várias capacidades relacionadas aos aspectos cognitivo, motor, emocional e social. Ao obter determinadas capacidades, meninos e meninas tornam-se mais independentes e autônomos. Esses estímulos e interações serão preponderantes para que obtenham sucesso em sua vida profissional e para que atuem como verdadeiros cidadãos na sociedade.

Conclusão

Certamente, o cuidado e a atenção à Primeira Infância são essenciais para garantir um futuro promissor. James Heckman, vencedor do Prêmio Nobel de Economia, defende que as políticas públicas com foco nessa fase do desenvolvimento humano são capazes de gerar verdadeiras revoluções sociais.

O estudo liderado por Heckman envolveu economistas, psicólogos, sociólogos, estatísticos e neurocientistas, que em seus trabalhos avaliaram que, a cada dólar investido pelo governo em uma criança na Primeira Infância, é possível obter um retorno de 7 dólares até ela completar 50 anos, uma conta que vale a pena!

É importante lembrar que, de acordo com pesquisas, o nível de aprendizagem de uma criança chega a ser três vezes maior quando acompanhado por algum programa de assistência à Primeira Infância. Todas essas ações, além de garantir uma maior capacidade cognitiva, revelam que crianças bem estimuladas nos primeiros anos de vida normalmente têm um desempenho escolar melhor. Isso sem falar na redução drástica de chances de envolvimento com o crime e o uso de drogas.

Nos EUA, o estudo Perry Preschool, realizado no estado de Michigan desde 1962, com estudantes de 3 a 4 anos, revelou o impacto intergeracional do cuidado na Primeira Infância. Os primeiros participantes, já com 50/60 anos, apresentaram bons resultados relacionados à educação, saúde, emprego em tempo integral, entre outros aspectos.

Os estímulos na Primeira Infância podem, inclusive, resultar em bons salários e grandes oportunidades na vida adulta. Por isso, dar atenção, conversar e brincar têm papel transformador na vida das crianças. Tudo é baseado nas relações estabelecidas. Só que, para isso, é preciso tempo e dedicação. Um tema que, com certeza, merece a atenção de todos nós!

O Dom Bosco trabalha pelo desenvolvimento das novas gerações, propiciando os estímulos e interações necessárias à Primeira Infância. Compartilhe essa ideia e conheça os nossos diferenciais na Educação Infantil!