Estratégias para fortalecer a relação família e escola
Mais do que nunca, a relação família e escola é primordial para garantir o bom desempenho dos estudantes em sala de aula e assegurar que se tornem cidadãos conscientes do seu papel na sociedade. Após a pandemia, os desafios tornaram-se ainda maiores.
Um levantamento do Alicerce Educação revela que, diante da adoção do ensino remoto e híbrido, alunos de 5 a 13 anos revelaram ter cerca de 2,2 anos de defasagem escolar em Matemática, 1,9 ano em leitura e 1,7 ano em redação. Com tantos impactos, o desafio dos educadores está em promover a recomposição de aprendizagens.
Na prática, esse conceito significa uma reorganização da aprendizagem que, diante das medidas preventivas contra o coronavírus, não ocorreu de forma adequada. Por meio dessa breve definição, recompor vai além de recuperar conteúdos, ou seja, significa traçar estratégias de acolhimento, flexibilização curricular, avaliação diagnóstica e acompanhamento.
Para que essa medida alcance os objetivos esperados, é preciso o envolvimento não só de alunos, gestores e professores, mas também das famílias. Na verdade, durante o período de isolamento social, os lares de todo o país passaram a ser um espaço escolar. Ainda que com inúmeras dificuldades, os pais e responsáveis tornaram-se agentes ativos no processo de ensino e aprendizagem.
Portanto, nessa etapa de recompor aprendizagens, a parceria entre a escola e a família deve ser ainda mais aprimorada, ou seja, é essencial que os laços sejam estreitados. Essa interação sempre foi necessária, mas diante das dificuldades do período pandêmico, tornou-se ainda mais significativa e indispensável.
Essa relação entre escola e família, como apontam vários especialistas da educação, deve ser justa, respeitosa, democrática e solidária. Para que cada um desses pontos se torne realidade, é preciso uma reflexão concreta sobre todos esses termos e ainda avaliar as melhores atitudes e estratégias para concretizá-los
Como fortalecer a relação entre a família e a escola?
Há vários caminhos e estratégias para aperfeiçoar a relação entre a família e a escola. Esse envolvimento pode começar, por exemplo, no monitoramento da frequência escolar e do processo de ensino e aprendizagem de crianças e adolescentes. Uma participação mais intensa nas rotinas escolares também é bem-vinda, pois essa atitude faz com que os alunos se sintam mais estimulados, empoderados e incentivados
Por essas e outras razões, a escola deve buscar meios que favoreçam uma linha de diálogo com os familiares e ainda direcionar quais questões pais ou responsáveis podem auxiliar no processo de recomposição das aprendizagens. Uma das soluções é apostar em encontros coletivos, como reuniões, ou ainda promover um bate-papo individualizado para detalhar as particularidades de cada estudante e fazer um panorama das turmas
A união entre família e escola é cada vez mais necessária. Esse compartilhamento de experiências e uma possível divisão de tarefas serão preponderantes para garantir uma jornada de aprendizado e conhecimento de sucesso para cada um dos alunos. Por isso, o acompanhamento do processo é indicado
Mesmo que tenha um plano pedagógico, sozinha a escola não é capaz de superar todas as adversidades e oferecer as respostas necessárias e ainda garantir o pleno desenvolvimento de cada criança ou adolescente. A família tem que ser parceira constante.
Ter uma clara definição dos papéis da escola e da família faz toda a diferença. Em casa, por exemplo, crianças e adolescentes aprendem crenças e valores. Em sala de aula, por sua vez, ocorre a aprendizagem relativa ao espaço público e à convivência com o coletivo.
Dessa forma, o espaço escolar, além do desenvolvimento intelectual, propicia a socialização e o aprimoramento de habilidades físicas, emocionais e culturais. É impossível instruir sem educar.
Diante da percepção de qualquer dificuldade por parte das famílias, cabe à escola a missão de ser solidária. É possível, por exemplo, que os educadores propiciem espaço para discussões sobre rebeldia, depressão, diversidade, entre outros temas. O que vale, sem dúvida alguma, é criar oportunidades para ouvir os pais e responsáveis, além de apontar alternativas.
Descompassos ainda maiores na fase pós-pandemia
Os chamados descompassos, no caso, as diferenças no processo de aprendizagem, sempre existiram, mas ficaram acentuados durante a pandemia
Diante dessa realidade, cabe à escola suprir essa defasagem, mas também se reinventar e ficar ainda melhor. A participação da família nessa etapa é fundamental para o êxito dessa tarefa.
Aos pais e responsáveis, além do incentivo aos alunos dentro de casa, é necessário acompanhar as tarefas, observar a alimentação, cuidar do horário de sono e do uso com moderação das telas. É fato: as famílias que já tinham um bom engajamento com as atividades escolares passaram pela pandemia sem grandes defasagens no aprendizado.
A informação é a melhor aliada para fortalecer a relação entre a família e a escola. É interessante estimular a troca constante de experiências, mas sem receitas prontas ou discursos acusatórios. Devem ser momentos formativos com abertura para a reflexão conjunta, que mostrem como são as dinâmicas no espaço escolar e pensando em como fazer a ponte com o dia a dia em casa.
Ideias de estratégias para reforçar a relação entre a escola e a família
1. Saiba como são as famílias dos seus alunos
É essencial que a escola saiba como é o cotidiano e o perfil dos pais ou responsáveis dos alunos. Esse conhecimento é fundamental para definir estratégias para aprimorar o relacionamento e construir parcerias.
2. Abra espaços para o diálogo
É essencial que exista abertura e liberdade para que os pais saibam que podem procurar sempre o estabelecimento de ensino. Horários flexíveis e profissionais à disposição são medidas necessárias. Facilite o acesso.
3. Aposte em uma comunicação construtiva
Ouça o que as famílias têm a dizer. Entenda as suas dúvidas e questionamentos sobre o papel da escola e em relação aos filhos para que seja possível aprimorar essas trocas ou fazer propostas para melhorias e mudanças.
4. Promova encontros individuais
Além de reuniões gerais, é importante estabelecer conversas reservadas para que seja possível avaliar o desempenho e a rotina de cada criança ou adolescente. Tudo isso de forma muito positiva, sem a intenção de criar constrangimentos ou apontar culpados, mas sim de encontrar caminhos para garantir o papel de protagonistas aos estudantes na jornada de aprendizado e na produção do conhecimento.
5. A escola tem que ser democrática
O espaço escolar deve criar e fortalecer as instâncias coletivas de discussão com as famílias. Vale a pena aprimorar o trabalho da associação de pais e mestres, promover assembleias e abrir espaço para o conselho escolar.
6. As reuniões coletivas devem ser qualificadas
Além de assegurar um ambiente acolhedor, seja criativo e diversifique os encontros. Vale a pena apresentar a estrutura da escola e sua organização, expor o que os alunos vêm desenvolvendo, as metodologias aplicadas, entre outras questões. Envolver a família em todo o processo, além de abrir espaço para sugestões e críticas, é recomendado.
7. Construa parcerias
No momento de avaliar defasagens, provavelmente os professores e outros profissionais identifiquem estudantes que necessitam de atendimento psicológico ou médico, fora um possível suporte da assistência social. Diante desse quadro, é essencial que as escolas tenham parcerias consolidadas nessas áreas para ajudar as famílias na busca dos acompanhamentos mais adequados.
8. Orientação nunca é demais
A família precisa saber o que a escola espera delas, por isso, explique e oriente sempre. É essencial que eles tenham consciência de como devem colaborar com o processo de aprendizagem dentro de casa.
9. Monitoramento constante faz a diferença
Ter total controle sobre a frequência e a aprendizagem de cada aluno é fundamental para determinar quem tem defasagem no aprendizado e os que precisam de ações mais específicas. A cooperação da família nesse momento é primordial.
10. Dê oportunidades reais para o envolvimento dos pais e responsáveis
Além de acompanharem de perto o processo de ensino e aprendizagem dos filhos, os pais ou responsáveis podem se envolver em atividades voluntárias para projetos, ações ou iniciativas voltadas às datas comemorativas, como o Dia Mundial do Meio Ambiente, entre outras celebrações.
Se houver um comprometimento real das famílias, a sensação de pertencimento ajudará no desenvolvimento de todo o processo. A escola é realmente democrática quando propicia espaço para movimentos dessa natureza.
11. Tenha eventos e workshops previstos na sua agenda de atividades
Trazer os pais e responsáveis para o dia a dia da escola é desafiador, por isso, criar oportunidades para atingir esse objetivo deve estar no planejamento estratégico da escola. Planejar eventos e workshops é uma boa ideia.
Esses encontros podem gerar momentos para trocas valiosas de informações. É interessante, inclusive, levantar assuntos que as famílias sentem necessidade de um aprofundamento maior. Esse pode ser o ponto de partida para grandes conquistas e um desenvolvimento ainda maior dos estudantes.
As estratégias para fortalecer a relação família e escola devem priorizar também as referências positivas. É preciso abandonar a ideia de que a presença para encontros no espaço escolar diz respeito apenas a discutir dificuldades de aprendizagem ou de comportamento.
É preciso que exista espaço para o reconhecimento e para potencializar a autoestima dos alunos. Os pais devem criar vínculos para que, de forma espontânea, passem a dividir e cooperar em todo processo de ensino e aprendizagem.
O ambiente escolar também tem um viés educador. Promover valores, como a tolerância e o respeito às diferenças deve estar na mira de gestores e professores. Diante desse quadro, a escola precisa realmente de uma gestão democrática.
Dessa forma, com a participação ativa de todos, abrem-se espaços para o diálogo e fica mais fácil mediar conflitos. A sensação de acolhimento e pertencimento fará toda a diferença para o bom aprendizado dos estudantes. O dia a dia em sala de aula, mesmo diante de conflitos, fica bastante saudável e torna-se mais fácil prevenir e combater problemas, como o bullying, a ansiedade e a depressão.
De fato, as famílias precisam se envolver intensamente e colaborar no acompanhamento dos alunos que estão apresentando muita dificuldade nesta fase pós-pandemia. Isso pode ocorrer na observação do desenvolvimento das tarefas de casa ou ainda no monitoramento do aprendizado. Essas medidas são mais que necessárias, afinal, é impossível que a escola avance no processo de ensino e aprendizagem sem esse suporte. O déficit causado por essas mudanças é enorme e o trabalho de recomposição de aprendizagens depende da união de todos. Essa causa é de todos nós!
Favorecer a participação da família nas rotinas da escola faz parte da missão do Dom Bosco, que sempre busca estratégias para fortalecer esses vínculos. Compartilhe essa ideia e conheça os nossos diferenciais no Ensino Fundamental e no Ensino Médio!