A implementação do Novo Ensino Médio: o que aprendemos em 2022

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Após muita expectativa e apreensão por parte de alunos, professores, gestores da educação e das próprias famílias, o Novo Ensino Médio começou a se tornar realidade em 2022 no Brasil. Inicialmente, as mudanças propostas pelo Ministério da Educação, de acordo com a Lei nº 13.415/2017, atingirão os alunos do 1º ano.

Até 2024, o Novo Ensino Médio institui mudanças importantes para todas as demais séries. A partir de ajustes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), será possível uma maior integração e flexibilidade em relação às disciplinas já oferecidas, além de disponibilizar aos estudantes os chamados itinerários formativos.

Apesar de algumas polêmicas em torno da sua proposta, o Novo Ensino Médio surgiu com a urgência de recuperar os índices de desempenho dos estudantes brasileiros. Um estudo da ONG Todos pela Educação traz dados preocupantes.

De acordo com o levantamento, poucos jovens chegam ao Ensino Médio: nessa fase, a taxa líquida de matrícula é de apenas 62%. Ainda assim, entre os alunos matriculados, o percentual de conclusão é extremamente baixo e o resultado do processo de aprendizagem fica longe do ideal.

Por ser bastante distante da realidade da juventude brasileira, o Ensino Médio, além das grandes taxas de abandono, também compartilha altos índices de reprovação e de distorção idade-série (atraso escolar de dois anos ou mais). Sem atrativos e quase nenhuma flexibilidade, o modelo afastou muita gente das escolas.

Novo Ensino Médio combate o desinteresse dos jovens

Diante desse desinteresse, fica comprometido também o acesso ao ensino técnico e profissional, por exemplo. Isso sem falar nas possibilidades de ingresso no ensino superior, tornando-se cada vez mais restrito o sonho de fazer uma graduação.

Garantir a conexão dos jovens e ainda facilitar a inserção no mercado de trabalho são alguns dos desafios apresentados pelo Novo Ensino Médio. Diante dos pífios resultados, para o MEC não fazia mais sentido investir em um modelo generalista e com um número excessivo de disciplinas.

Na prática, também era necessário recuperar a qualidade no ensino, além de se aproximar mais das necessidades reais dos estudantes e das questões em discussão no mundo contemporâneo. Para se ter uma ideia, o Anuário Brasileiro da Educação Básica 2020 revela que apenas 65,1% dos estudantes brasileiros concluíram o Ensino Médio na idade esperada, ou seja, até os 19 anos.

Entre os jovens mais pobres, esse índice estagna em 51,2%. Entre os brasileiros de 15 a 17 anos, 12% deles estão fora das salas de aula. De fato, era preciso mudar essa realidade. O primeiro passo é preparar a escola para um momento novo, em que se estabelece um diálogo com o mundo atual, além de promover um Ensino Médio que reflita os anseios dos estudantes, assegurando a integração com a sociedade e propiciando a preparação para um mercado de trabalho cada vez mais acelerado e tecnológico

Como é o Novo Ensino Médio?

Com uma carga horária ampliada, que passa de 2.400 horas para 3 mil horas, o Novo Ensino Médio, focado na formação plena dos cidadãos e no desenvolvimento de competências e habilidades, chega repleto de novidades. Das 3 mil horas, 1.800 horas são dirigidas às disciplinas obrigatórias da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e as outras 1.200 horas ficam para os chamados itinerários formativos.

Na prática, os itinerários formativos podem ser compreendidos como um conjunto de disciplinas, projetos e oficinas que os alunos poderão escolher cursar durante o Ensino Médio, levando em conta as áreas de seu interesse e os projetos de vida e de carreira. Cada escola deve oferecer pelo menos 2 das 5 opções estabelecidas pelo MEC

Com certeza, os itinerários formativos representam a principal mudança trazida pelo Novo Ensino Médio. A partir deles, o currículo único dá lugar a um modelo de aprendizagem mais flexível e diversificado, ou seja, de acordo com os anseios dos estudantes.

A ideia é que os itinerários formativos aprofundem uma determinada área do conhecimento ou desenvolvam habilidades voltadas à formação técnica e profissional (FTP). Vale lembrar que um mesmo itinerário pode alinhar os conhecimentos de duas ou mais áreas e da FTP.

Aos professores e às escolas cabe a missão de fazer com que os itinerários formativos não sejam focados em aulas expositivas tradicionais, mas sim em formatos extremamente dinâmicos e que propiciem uma participação mais ativa e engajada dos estudantes, seja por meio de grupos de estudos, oficinas, laboratórios, projetos, entre outras possibilidades. Conheça quais são as opções complementares oferecidas à formação dos alunos pelo Novo Ensino Médio:

  • - Linguagens e suas Tecnologias;
  • - Matemática e suas Tecnologias;
  • - Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
  • - Ciências Humanas e Sociais Aplicadas;
  • - Formação Técnica e Profissional.

As vantagens do Novo Ensino Médio

É possível oferecer mais tempo para os alunos se aprofundarem em conhecimentos específicos que serão essenciais para a sua formação e muito importantes para as escolhas relativas ao futuro profissional.

Contribui diretamente para o desenvolvimento do projeto de vida e carreira dos estudantes. Por conta das mudanças introduzidas pelo Novo Ensino Médio, as escolas devem dar espaço às atividades que promovam a cooperação, a resolução de problemas, o desenvolvimento de ideias, o entendimento de novas tecnologias, o pensamento crítico, a compreensão e o respeito. No modelo antigo, esses temas não eram obrigatórios

O Novo Ensino Médio propõe aulas menos expositivas exatamente para priorizar projetos, oficinas, cursos e atividades práticas e significativas. O objetivo é melhorar a percepção do estudante sobre o espaço escolar, além de gerar engajamento, conexão e protagonismo no processo de ensino e aprendizagem.

Com o conceito de educação maker na sua essência, o Novo Ensino Médio prioriza a aprendizagem por meio de atividades e soluções práticas, ou seja, propõe que o estudante realmente coloque a “mão na massa”. Tudo isso aliado à inovação, à criatividade, à sustentabilidade e à autonomia

As escolas têm liberdade para fazer parcerias com universidades públicas (federais e estaduais), institutos federais e secretarias da educação para tornar possível a oferta de disciplinas necessárias aos itinerários formativos, além de outras atividades previstas no currículo. Alianças com o setor produtivo também serão bem-vindas para garantir a Formação Técnica e Profissional com excelência.

Novo Ensino Médio e o Projeto de Vida

O Projeto de Vida é um dos diferenciais do Novo Ensino Médio. A proposta é que os educadores promovam com os estudantes as reflexões necessárias sobre o futuro, além de chamarem a atenção para as possibilidades de estudo e de como fazer escolhas assertivas e de acordo com os seus objetivos.

Nesse conjunto, entram em cena os pilares pessoais, sociais e profissionais. Por isso, na prática, o Projeto de Vida poderá ser aplicado como uma matéria isolada ou ainda conectada com as diferentes áreas de estudo do Novo Ensino Médio.

Vale a pena destacar que o projeto levará em consideração os aspectos sociais, culturais e regionais dos estudantes de cada parte do país, ficando a critério das escolas a maneira como eles serão trabalhados. Com certeza, uma medida que vai reforçar muito o sentimento de pertencimento ao espaço escolar.

Como fica o Enem com o Novo Ensino Médio?

Com o Novo Ensino Médio, o Enem será adaptado, de forma gradual, às mudanças aplicadas a partir deste ano. O Exame Nacional do Ensino Médio deve estar integralmente alinhado com as novas diretrizes curriculares até 2024.

De acordo com informações divulgadas pelo MEC, o Enem deve ser aplicado em duas etapas. No primeiro dia, os estudantes vão responder às questões das chamadas provas gerais, que trazem as disciplinas comuns determinadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

No segundo dia, o exame deve trazer as provas específicas, ou seja, relacionadas com os itinerários formativos. A avaliação está vinculada às escolhas do aluno referentes aos passos que pretende seguir no futuro.

Confira o passo a passo para a implantação do Novo Ensino Médio

  • 2022: implantação para o 1º ano do Ensino Médio (BNCC).
  • 2023: implantação para os 1º e 2º anos do Ensino Médio (BNCC)
  • 2024: implantação para todas as séries do Ensino Médio (BNCC para 1º e 2º anos e itinerários formativos para o 3º).

Conclusão

Mesmo que ainda surjam muitas dúvidas e questionamentos sobre a sua implementação, o Novo Ensino Médio tem o desafio de fazer com que os estudantes não se afastem das rotinas escolares. Os dados sobre essa importante etapa da educação básica são alarmantes.

Disposto a preparar os jovens para os desafios do futuro, o Novo Ensino Médio propõe uma jornada de protagonista aos estudantes na produção de conhecimento. Focado na formação e na preparação para o mercado de trabalho, a reformulação coloca o aluno como agente ativo do processo.

Às escolas e aos educadores fica a missão de rever práticas e fazer as adaptações necessárias para esse novo formato. A educação pública, por sua vez, depende de um acompanhamento cuidadoso do MEC e dos governos estaduais para que seja possível ofertar os itinerários formativos.

O Novo Ensino Médio também depende do acolhimento das famílias. Mudanças sempre geram receio e é preciso que pais e responsáveis estejam ao lado dos estudantes em todas essas etapas. Com uma construção conjunta de experiências, o sucesso é garantido.

Auxiliar os alunos, professores e a família na compreensão e perfeita implementação do Novo Ensino Médio faz parte dos compromissos do Dom Bosco neste ano letivo. Compartilhe essa ideia e conheça os nossos diferenciais!