A educação midiática e a formação integral do estudante

Altamente conectados, os estudantes hoje estão à mercê de um bombardeio de informações. Fora isso, encontraram nos influenciadores digitais uma referência na hora de buscar confiabilidade em dados e notícias veiculadas. Mais do que nunca, crianças e adolescentes precisam de subsídios para interpretar a intenção, a autoria e o contexto de tudo o que é compartilhado na web.

Para a escola educar significa garantir o desenvolvimento de cidadãos livres e aptos a fazer escolhas conscientes. Em um mundo repleto de conexões, a educação midiática é fundamental para garantir a formação integral dos estudantes.

Presente no campo de atuação jornalístico-midiático, que faz parte do componente Língua Portuguesa da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, a educação midiática tem foco no protagonismo dos estudantes na jornada de produção do conhecimento. Afinal, com o bombardeio de fake news e o excesso de informações, é preciso saber filtrar esse conteúdo e dar condições para que os alunos façam valer nesses meios a liberdade de expressão com consciência e respeito, pois essa ferramenta é indispensável para combater o bullying e evitar a proliferação de discursos de ódio ou de preconceitos relacionados à cor da pele, ao gênero e à orientação sexual

O que é a educação midiática na escola?

A educação midiática na escola não funciona como uma disciplina isolada, ou seja, os professores em sala de aula, por meio de inúmeras atividades, precisam preparar os estudantes para se beneficiar da democratização do acesso ao conhecimento. Na prática, cabe aos educadores dar o suporte necessário para que crianças e adolescentes se tornem também produtores de conhecimento.

Isso significa, em outras palavras, utilizar a educação midiática para propiciar um protagonismo aos alunos em uma sociedade conectada. Eles devem ter voz ativa e fazer desse processo uma experiência para seu crescimento pessoal e com vantagens para toda a comunidade.

A educação midiática, que garante a formação integral do estudante, depende da mediação da escola em todas as fases para que de fato crianças e adolescentes não sejam agentes passivos diante da abundância de informação disponível. A construção autônoma do conhecimento é preponderante diante das transformações aceleradas e constantes vividas no planeta.

Com tanta informação disponível, ampliam-se também as possibilidades de aprendizagem e o professor ressignifica sua atuação no espaço escolar. Afinal, não dá para dar as costas ao processo de busca do conhecimento presente no ambiente digital, sem falar nas interações e na possibilidade de acesso aos mais diversificados conteúdos.

Para deixar o termo ainda mais claro, podemos definir a educação midiática como a alfabetização e o letramento midiáticos. É essencial que os estudantes aprendam a decodificar e interpretar uma mensagem transmitida pelas mais variadas mídias.

Em sala de aula, é possível construir o conhecimento explorando o mundo digital por meio de notícias, conteúdos e informações em larga escala, mas tudo isso com o monitoramento dos professores. Dessa forma, além de utilizar as mídias com inteligência, o estudante se torna um cidadão pleno e consciente da sua função na sociedade

Qual é a importância e quais são os desafios da educação midiática?

A educação midiática é extremamente importante nas rotinas escolares e traz inúmeros desafios. Tanto professores quanto alunos precisam seguir etapas essenciais para garantir o sucesso dessas atividades, afinal, elas são preponderantes para garantir a formação integral dos estudantes.

Hoje é possível introduzir a educação midiática em algumas competências da BNCC. Por essas e outras razões, o tema deve estar na mira e no planejamento dos gestores da educação.

Não se esqueça: é papel da escola preparar o estudante para os desafios de uma sociedade digital. Para atingir esses objetivos, algumas questões devem ser seguidas à risca. Confira:

Desafios ao aluno

• Ser capaz de avaliar, de forma crítica, textos publicados nas mais diferentes mídias (em formato físico ou digital).
• Na prática, ter domínio dos mecanismos de busca, curadoria e produção do conhecimento.
• Ter acesso às ferramentas digitais e saber utilizá-las.
• Apropriar-se do conhecimento adquirido com a análise das diferentes mídias em prol da solução de problemas e para exercer a cidadania e ainda desenvolver a autoexpressão.
• A partir do desenvolvimento de inúmeras habilidades, ter condições de criar conteúdos midiáticos com escrita técnica e criativa – tudo isso de forma ética e responsável.

Desafios ao professor

• Para que a educação midiática atenda a todos os objetivos necessários, o educador deve explorar novas abordagens pedagógicas a partir das possibilidades oferecidas pelas tecnologias de informação e de comunicação
• É essencial propiciar aos estudantes uma cultura de aprendizagem que estimule a curiosidade e favoreça o aprendizado contínuo.
• Por meio dos diferentes recursos de mídia, é essencial favorecer a aprendizagem significativa.
• Além de ser mediador, o professor deve ser um incentivador das práticas éticas, legais e seguras no ambiente digital e fora dele.
• Promover ações que gerem engajamento, ou seja, atividades que levem os estudantes a participar e contribuir com a sociedade de forma crítica, ética e responsável.

Como podemos trabalhar a educação midiática?

Sem dúvida alguma, o acesso à informação por inúmeros canais amplia o processo de ensino e aprendizagem, mas também traz muitos desafios. À escola fica a missão de fazer com que os alunos aprendam a ler criticamente, escrever com responsabilidade e ainda participar ativamente da sociedade conectada. Veja:

Ler criticamente

É fato: é preciso ir além da leitura tradicional na educação midiática. Isso significa avaliar criticamente a intenção e a qualidade da informação analisada, além de compreender o papel da mídia e entender o significado do direito à comunicação. Para cumprir integralmente esse objetivo, o estudante precisa dominar técnicas de busca e curadoria da informação. Um desafio e tanto que pode ser promovido por atividades, como a análise de reportagens sobre um mesmo tema publicadas em locais diferentes

Na avaliação dos materiais, os alunos devem, além de analisar a mensagem (conteúdo), investigar a fonte (origem do texto), buscar informações mais completas sobre o assunto e fazer comparações, descobrir o contexto original do tema avaliado (checar indícios de manipulação ou outras deturpações dos fatos), entre outros aspectos. Exercícios como esse são aconselhados para o desenvolvimento do senso crítico e garantem a formação integral do estudante.

Escrever com responsabilidade

Ponto bastante interessante no trabalho com a educação midiática, pois coloca o estudante em posição de protagonista no processo de produção e disseminação de conteúdo. Por essa razão, o desenvolvimento de novas habilidades é essencial. Dessa forma, é fundamental que a escola favoreça o aprendizado da fluência digital para que os alunos tenham acesso a um bom número de ferramentas voltadas à produção e ao compartilhamento de conhecimento. Além disso, devem se tornar autores e também ter facilidade para se expressar nos mais diferentes formatos de mídia.

Participar ativamente

Além de ler e escrever com senso crítico e responsabilidade, a educação midiática prevê o estímulo a uma participação consciente e cidadã na sociedade. Dessa forma, cabe aos educadores o compromisso de colocar em pauta trabalhos voltados à cidadania digital e à participação cívica dos estudantes. Isso significa, por exemplo, compreender os cuidados no momento de curtir, comentar e compartilhar qualquer publicação, além de iniciativas que combatam a desinformação, as fake news e os discursos de ódio. Também é importante o estímulo à construção de narrativas midiáticas voltadas a causas e serviços de interesse de toda a comunidade

Conclusão

O trabalho com a educação midiática nas escolas só tem vantagens. Antes de qualquer coisa, é fundamental para assegurar o convívio saudável com a tecnologia no dia a dia de crianças e adolescentes. Também é um meio importante para combater o bullying e estimular o convívio com as diferenças.

O estímulo ao desenvolvimento do senso crítico é outro diferencial. Ademais, empodera os estudantes para que interajam com conteúdos de forma responsável e sem se deixar levar por gostos, paixões e outras questões.

Além de formar cidadãos mais conscientes, a educação midiática torna mais rico o debate público. No ambiente escolar, potencializa a reflexão, torna mais interessante o aprendizado das disciplinas e garante a formação integral do estudante.

Outro ponto positivo da educação midiática diz respeito à abordagem de temas da atualidade em sala de aula. A promoção de debates é outro destaque, pois potencializa uma visão crítica além do ambiente escolar.

Ao instrumentalizar o aluno para trabalhar com a informação, a educação midiática facilita o acesso à informação de qualidade. Dessa forma, desmonta o processo de proliferação das fake news, que leva à desinformação, medos sem sentido e reforça preconceitos.

Outro aspecto interessante da educação midiática é o estímulo ao diálogo com novas vozes produtoras e disseminadoras de informação. Em uma sociedade democrática, essa medida é preponderante para a evolução do processo de ensino e aprendizagem.

Além de todos esses benefícios, a educação midiática provoca a necessária reflexão sobre as mídias e as etapas envolvidas no processo de produção da informação. São pré-requisitos fundamentais nos dias de hoje para garantir uma preparação voltada para o futuro. Afinal, é preciso fazer do boom digital uma possibilidade de transformação positiva da escola e das relações na sociedade. O uso consciente desses espaços fará toda a diferença. Pense nisso!

Desenvolver o senso crítico, além de preparar os estudantes para um futuro cada vez mais tecnológico e acelerado, fazem parte da missão do Dom Bosco. Por isso, a educação midiática está presente em nossos currículos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. Compartilhe essa ideia e conheça os nossos diferenciais!